O papa Leão XIV disse hoje (8) que as agências de notícias têm a responsabilidade de defender os princípios que protegem o direito de uma pessoa de ter acesso a informações "precisas e equilibradas", evitando práticas "degradantes".
Num encontro privado no Vaticano com participantes da 39ª Conferência da Associação MINDS International, que ocorre entre hoje (9) e amanhã (10) em Roma, o papa expressou seu desejo de maior colaboração entre produtores e consumidores de conteúdo jornalístico para criar um “círculo virtuoso” que beneficie a sociedade como um todo.
por Kristina Millare - ACI Digital
“A informação é um bem público que todos devemos proteger”, disse Leão XIV. “Por isso, o que é verdadeiramente produtivo é uma parceria entre cidadãos e jornalistas a serviço da responsabilidade ética e cívica”.
“A comunicação deve ser libertada do pensamento equivocado que a corrompe, da concorrência desleal e da prática degradante do chamado clickbait”, disse também o papa. Clickbait, literalmente “isca de click”, é o uso de sensacionalismo para atrair acessos a uma página ou notícia em busca de números de tráfego que melhorem o valor comercial de um site ou perfil na internet.
Encorajando as pessoas a “valorizar e apoiar profissionais e agências que demonstram seriedade e verdadeira liberdade em seu trabalho”, Leão XIV disse que os profissionais da mídia devem defender os valores de transparência, responsabilidade, qualidade e objetividade para ganhar a confiança dos cidadãos.
No encontro, o papa também falou de sua alta consideração por vários jornalistas, particularmente os repórteres da linha de frente em zonas de conflito, que trabalham para garantir que informações não sejam “manipuladas para fins contrários à verdade e à dignidade humana”.
“Em tempos como os nossos, de conflitos violentos e disseminados, são muitos os que caem em campo”, disse ele. “Vítimas da guerra e da ideologia da guerra, que pretende impedir os jornalistas de estar presentes”.
“Não devemos esquecê-los”, disse também Leão XIV. “Se hoje sabemos o que aconteceu em Gaza, na Ucrânia e em tantas outras terras ensanguentadas por bombas, devemos isso, em grande parte, a eles”.
Falando sobre preocupações sobre o impacto da inteligência artificial (IA) nos meios de comunicação, o papa disse que as pessoas não estão destinadas a viver em um mundo onde “a verdade já não possa ser distinguida da ficção” e pediu vigilância para garantir que a tecnologia e os algoritmos “não substituam o ser humano” ou permaneçam “nas mãos de poucos”.
“O mundo precisa de informação livre, rigorosa e objetiva”, disse também Leão XIV.
“Nesse contexto, vale lembrar o alerta de Hannah Arendt de que o súdito ideal do regime totalitário não é o nazista convicto nem o comunista convicto, mas a pessoa para quem já não há diferença entre realidade e ficção”, disse ele, citando o livro As Origens do Totalitarismo, da filósofa alemã.
Exortando os jornalistas a “nunca venderem a preço vil a sua autoridade moral”, Leão XIV disse aos presentes na audiência, que ocorreu hoje de manhã, que o “trabalho paciente e rigoroso” deles pode ser um pilar para trazer a “civilidade” de volta à sociedade.
“Vocês podem ser uma barreira contra aqueles que, por meio da antiga arte da mentira, buscam criar divisões para governar separando”, disse ele.
“O setor de comunicações não pode e não deve separar seu trabalho da divulgação da verdade”, disse o papa.
Fonte: ACI Digital
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