Cinco anos após a realização do Sínodo da Amazônia, os bispos membros da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) se reuniram de 17 a 20 de agosto de 2025, em Bogotá, na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM). O encontro foi um momento de gratidão e esperança, marcado pela escuta, pelo discernimento comunitário e pelo compromisso renovado com a missão da Igreja na região amazônica.
por Padre Renan Dantas – Diocese de Juína
Inspirados pelo Espírito Santo e guiados pelas conclusões do Sínodo de 2019 e pela exortação apostólica Querida Amazônia, os bispos avaliaram os avanços, reconheceram desafios e apontaram novos horizontes para a caminhada da Igreja Pan-Amazônica. Entre os pontos destacados estão a valorização da formação teológica e pastoral, o fortalecimento das comunidades, a defesa dos povos originários e a crescente consciência de que cuidar da Amazônia é também cuidar da vida do planeta.
Foto: Dorothy Stang foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005 (Reprodução)
Outro aspecto sublinhado foi o testemunho de missionários, religiosos, leigos e leigas que, muitas vezes, assumem riscos diante de ameaças para defender a vida e o território. Durante o encontro, os bispos celebraram de forma especial a memória dos mártires da Amazônia, homens e mulheres que entregaram sua vida pela fé, pela justiça e pela defesa da Casa Comum. A celebração foi marcada por profunda emoção, oração e gratidão, fortalecendo a esperança e animando a missão evangelizadora da Igreja.
No entanto, o encontro também reconheceu resistências ainda presentes em setores da Igreja, como o clericalismo, o autoritarismo e a falta de ousadia missionária para ir às periferias. Mesmo diante dessas dificuldades, os pastores reafirmaram o compromisso de viver uma Igreja sinodal, com rosto amazônico e centrada no batismo, onde todos os ministérios e vocações se colocam a serviço do povo de Deus.
A dimensão ecológica também ocupou lugar central. Os bispos recordaram que a Amazônia não é uma “terra vazia” a ser explorada, mas um território habitado e cuidado por gerações, espaço da presença de Deus e fonte de sabedoria para toda a humanidade. Por isso, renovaram o compromisso com a ecologia integral e com o cuidado da Casa Comum, como pede o Papa Francisco.
Em entrevista, Dom Neri José Tondello, bispo da Diocesano de Juína (MT), ressaltou a importância do processo sinodal:
Foto: CEAMA 2025 / Divulgação
“Em 2017 fui designado pela CNBB para ser delegado no processo sinodal da Amazônia. De lá para cá, vivemos o Sínodo, suas conclusões e a exortação Querida Amazônia, e seguimos realizando encontros para dar continuidade a este caminho. Nestes dias, em Bogotá, tivemos um belo momento de escuta, oração e partilha, acompanhados de peritos e enviados do Vaticano. Foi um encontro marcado pela leveza, alegria, profundidade e estudo. O caminho está aberto: é um caminho de esperança, entusiasmo e sensibilidade. Louvamos a Deus por este grande momento e seguimos na expectativa da Assembleia da CEAMA, que acontecerá em março do próximo ano.”
No âmbito do encontro, os bispos enviaram ao Papa Leão XIV dois presentes significativos: a Cruz Amazônica e a Pomba da Paz. A cruz, feita com elementos da região, representa a presença de Cristo na vida dos povos amazônicos e o compromisso da Igreja em assumir suas dores e esperanças. Já a pomba simboliza o desejo de paz, reconciliação e fraternidade universal, recordando que a Amazônia é também um apelo à unidade da humanidade em defesa da vida.
Foto: Arcebispo de Bogotá - Dom Luis José Rueda Aparicio | Divulgação
O encontro foi concluído no dia 20 de agosto com a celebração na Catedral Arquidiocesana de Bogotá. Em clima de comunhão fraterna, os bispos e demais participantes viveram o rito de envio, assumindo o compromisso de continuar a missão evangelizadora na Amazônia com esperança, coragem profética e espírito sinodal.
Confiando à intercessão de Maria, Mãe da Amazônia, os bispos reafirmaram o compromisso de fortalecer a CEAMA como espaço privilegiado de comunhão, discernimento e missão, e de levar adiante a defesa da vida, dos povos originários e do cuidado da Casa Comum.
Fonte: Diocese de Juína
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